domingo, 21 de março de 2010

João Bosco


“E digo simplesmente, que se trata de um fenômeno. Sua melodia, seu ritmo, sua harmonia, seu censo de arranjo, ultrapassam os níveis aceitáveis pelos mestres. Seu violão é eletrizante, e suas levadas antológicas por descreverem o ritmo brasileiro "nunca dantes navegados", comprovando a diversidade de nossa rítmica de maneira rica e surpreendente. Sua voz alinhava todo esse universo sonoro com modesta intervenção, dando chance para que os versos ecoem com a mensagem pretendida. Na forma final, ao juntar todos estes valores num palco, é a explosão de um verdadeiro gênio musical da raça. É o Brasil se mostrando forte, ancorado em suas verdadeiras origens, ostensiva e orgulhosamente assumido. Ao ouvi-lo, da gosto de ser brasileiro.”
Sergio ricardo

“Por ser um compositor genial, as construções melódicas e harmônicas de João Bosco são das mais felizes na música brasileira. As vezes eu fico pensando: de onde vem esse mar de criatividade que resulta em suas canções? E o mais interessante é que toda essa complexidade melódica e harmônica soa de maneira natural. Com um jeito único de tocar violão, as suas divisões rítmicas são de grande originalidade. Há músicas gravadas por João Bosco, apenas violão e voz, nas quais não se sente falta de nenhum outro instrumento.E tudo isso com uma sonoridade que beira à perfeição.”
Almir Chediak

O que eu vou falar sobre esse cara??? A galera daí de cima disse tudo, mas se você não conhece o trabalho desse mestre aí vai um pequeno resumo desta carreira impecável que já ultrapassa os 35 anos. Pensei inicialmente em fazer talvez uma análise dos trabalhos do João Bosco, das inovações rítmicas que o mesmo fez, de sua técnica impecável, das suas harmonias que beiram a perfeição, ou seja, da música de João Bosco. Mas então refleti melhor e cheguei à conclusão de que não conseguiria tal proeza, expoentes da música têm dificuldade em executar esta tarefa (dada a complexidade e magnitude da obra), como eu, recém-chegado no mundo da música, teria condições de fazer tal trabalho? Vou me reservar então ao pequeno resumo, de que já falei, com alguns esporádicos comentários:

Inicia sua carreira profissional em 1972, com o “disco de bolso” do Pasquim, já no primeiro trabalho mostrou muita personalidade harmonizando muito bem sua voz com seu excepcional violão. Em 73 grava “João Bosco”, mostrando muita criatividade em suas melodias e um senso harmônico bem apurado para um [apenas] segundo trabalho. Intensifica suas parcerias com Aldir Blanc e em 75 grava “Caça à Raposa”, com o sucesso “mestre sala dos mares” e mesclando melodias cadenciadas com outras bem mais ritmadas mostra outro belo trabalho. Em 76 vem “Briga de Galos” deixando bem clara a variedade estilística que marca a carreira de João Bosco, apresentando de sambas com uma linguagem rítmica e harmônica totalmente suas a belas canções com tratamentos bem jazzísticos, passando por [algo parecido com] boleros e ritmos sul-americanos. “Tiro de misericórdia” é concebido em 77 com destaque para a faixa título e para a faixa “falso brilhante”. Lança em 79 “Linha de Passe”, em 80 “Bandalhismo”, em 81 “Essas é a sua vida”, em 82 “Comissões de frente”, todos seguindo a mesma linha desenvolvida até então na carreira de João Bosco.Em 84 vem “Gagabirô”, neste disco começa a compor sozinho e com outras parcerias, o trabalho se torna mais consciente e representante da mestiçagem brasileira, com o “Cabeça de Nêgo”, de 86, da continuidade a nova fase iniciada com o “Gagabirô”, fazendo uso cada vez maior das vocalizações, com uma linguagem bem percussiva, e buscando sonoridades com uma visão muito ampla da negritude, usando e abusando da criatividade e do experimentalismo consegue chegar a novos limites estéticos musicais.Em 87 lança “Ai Ai Ai de Mim”, com qual consolida sua carreira internacional iniciada em 83, em 91 mais um excelente trabalho com “Zona de Fronteira”, em parceria com os poetas Wally Salomão e Antônio Cícero, formando um trio belíssimo. “Zona de Fronteira” é um disco que convida à exploração de novos limites, e João o faz com axatidão, cruzando diversos ritmos e culturas, mas conseguindo manter uma unidade invejável. “João Bosco Acústico MTV”, “Na Onda que Balança” e “Da licença meu Senhor”, em 92, 94 e 95 respectivamente. Sai em 97, com “As Mil e Uma Aldeias”, a primeira parceria com o filho Francisco Bosco, com inspirações no mundo árabe este trabalho cria uma nova profusão de ritmos, alem do excelente entrosamento com o novo parceiro, que se harmoniza totalmente com sua criatividade musical. No ano 2000 consolida sua parceria com o filho, no disco “Na Esquina” investe fundo em pesquisas de ritmos "numa indissociável ligação com música negra, seja de origem afro-americana, afro-cubana, ou afro-brasileira".Completando 30 anos de carreira em 2003, lança "Malabaristas do Sinal Vermelho”, em 2006 lança CD e DVD "Obrigado gente" ao vivo. Em 2009, João Bosco volta ao estúdio e lança seu primeiro disco de inéditas em seis anos: "Não vou para o céu, mas já não vivo no chão". Neste ultimo mostra, para surpresa de alguns, ainda muita criatividade, apesar do 35 anos de carreira. “É o álbum de um grande cantor, com domínio total da técnica, emoção na medida certa, um timbre pleno de brilho, áspero e cortante em sua doçura, cuja suavidade é mais uma de suas experimentações. É o disco de um grande instrumentista, ele mesmo uma escola do violão brasileiro, como, cada um a seu modo, João Gilberto, Baden Powell e Gilberto Gil. É o disco de um grande compositor, dono de uma linguagem própria, na qual as invenções melódicas e harmônicas soam simultaneamente espontâneas e requintadíssimas. A soma dos três criou sua história própria no vasto quadro da canção brasileira.” Eucanaã Ferraz, falando sobre o último trabalho de João Bosco.

Bem gente, é siplesmete mais um herói da música, não só instrumental, nós que estamos começando devemos nos espelhar nele, não digo exatamente no seu estilo, poucos conseguem isso, mas digo em sua criatividade, inventividade, experimentalismo e ousadia, ingredientes indispensável para um bom músico.

Até a próxima.

1 comentários:

Gildson Souza disse...

Excelentecantor e compositor. Não poderia ficar de fora.

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